A arquitetura contemporânea é essencialmente o desenho da cidade...

Paulo Mendes da Rocha, arquiteto urbanista.

As veias da cidade...

Ao traçarmos uma linha do tempo, entendemos melhor como as nossas cidades funcionam atualmente, pois é correto afirmar que não foi sempre assim.

No século XIX, a preocupação com o crescimento desordenado da cidade e, consequentemente a proliferação de doenças que causaram muitas mortes, motivaram uma grande intervenção na cidade de Paris, comandada pelo ‘Barão de Haussmann. Ele refez o traçado urbano, abrindo avenidas generosas, construindo bulevares, parques e edifícios públicos, melhorando o sistema de abastecimento de água e criando rede de esgotos’. Esta intervenção foi tão significativa que deu origem ao movimento City Beautiful e serviu de inspiração para novas propostas urbanísticas do século XX. (Hall, 2005)

Com o surgimento do automóvel, as cidades de todo o mundo tiveram (e tem) que se planejar para adequar-se a grande demanda de veículos que são fabricados diariamente.

Este é um trabalho que tira o sono dos planejadores urbanos, visto que a indústria automobilística não dá sinais de estagnação, ao contrário, apresenta um crescimento recorde a cada ano. É a máquina do capitalismo voraz que precisa ser alimentada, e quem paga a conta? A cidade.

Um exemplo interessante para o leigo no assunto é comparar as vias de circulação de uma cidade com as nossas veias. Para que elas irriguem nosso organismo, permitindo um funcionamento perfeito, elas (as veias) precisam estar desobstruídas. O mesmo ocorre com as ruas e avenidas de nossas cidades que precisam estar livres para que o fluxo ocorra. E o que é um engarrafamento senão um entupimento de veia?

Conseqüência: Infarto (nos dois casos).

O homem contemporâneo vive uma situação paradoxal: o avanço tecnológico proporciona bem estar, comodidade e proteção.

E nos mata de ansiedade!



Nedival de Sá Pianizzola
Arquiteto urbanista