Na arquitetura pós-moderna o que está em questão é o formalismo “frívolo”, reduzido a “simulacros”.

(ARANTES, 1993)

Arquitetura iconográfica.

O imaginário de cidade que conhecemos está transformando-se rapidamente, em virtude da conectividade universal. Vivemos em uma aldeia global. Diante desta realidade – mais virtual que real – o tema ‘cidade’ está na pauta das principais discussões mundiais das últimas décadas.

Em 1981, quando o presidente Mitterrand toma a posse do governo francês, anuncia um pacote de grandes projetos na cidade de Paris, com a intenção de chamar a atenção do mundo para a cidade como lugar público, construindo edifícios ligados à cultura, e conseqüentemente movimentando o turismo. (ARANTES, 1993)

No caso de Paris, a arquitetura iconográfica, mais do que atrair olhares para a cidade, propõe uma reflexão sobre o espaço público, o relacionamento desta com os seus habitantes, os lugares da cidade que são pontos de referência, exemplificando uma intervenção urbana bem sucedida.

Outro exemplo de arquitetura iconográfica que atrai olhares para a cidade – no caso, Araras – é o Teatro Estadual projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que dispensa comentários. Aliás, a cidade de Araras conta com diversos edifícios que podem ser considerados iconográficos pelo seu valor histórico, no entanto, falta o edifício que seguramente seria um referencial para a cidade: o Paço Municipal.

Este, além de atender as necessidades do sistema administrativo municipal, poderia se tornar um edifício-ícone que não se baseia, contudo, na criação de algo gratuito, de formalismo frívolo, e sim de um edifício de linguagem contemporânea, cuidadosamente inserido na paisagem da cidade.

Em resumo, a cidade carece de boa arquitetura e a boa arquitetura pode traduzir-se num ÍCONE.



Nedival de Sá Pianizzola
Arquiteto urbanista