Com uma intervenção humana que, direta ou indiretamente, condiciona e interfere com o ciclo e o percurso da água, tornando-o fácil, suave, controlado e aproveitando dela o máximo como recurso essencial à vida ou, pelo contrário, acelerando-o e fazendo-o violento, caprichoso, capaz das maiores destruições. Um castigo em vez de uma benesse.

L. Fadigas

A cidade e seus recursos naturais.

A grande preocupação do homem neste século está relacionada à idéia de que os recursos naturais são finitos e não infinitos como se pensava no início do século passado.

Nossas cidades apresentam problemas de ordem social, econômica e ambiental. Além disso, as disparidades sociais e a carência de recursos financeiros e técnicos para equacionar as questões de infraestrutura urbana e de gestão ambiental agravam ainda mais esta situação.

Um dos recursos naturais que tem gerado uma grande preocupação, não apenas no meio científico como também na sociedade como um todo é a água.

Quando refletimos sobre a relação da cidade urbanizada com os cursos de água, o que nos vem à mente são lembranças não muito animadoras: mau cheiro, sujeira e ameaça de inundações, parecendo que este atual estado dos rios é compreensivo, tendo como amparo a evolução e o desenvolvimento da cidade.

A lógica pode ser outra.

Se avaliarmos a importância histórica que os cursos de água sempre tiveram para as civilizações, notaremos rapidamente que o olhar do homem contemporâneo está com um alto grau de miopia.

Para ficarmos com apenas um ponto de vista, observemos com a percepção que envolve a avaliação estética, como é importante a presença de um rio na dinâmica da paisagem.

Portanto, a canalização dos córregos, ribeirões e rios que cortam o meio urbano, está longe de ser a solução mais adequada para a solução de problemas advindos da ação humana, como por exemplo, a impermeabilização do solo urbano.

Uma resposta para esta problemática pode ser o resgate dos rios e ribeirões como espaço de lazer, atraindo assim a atenção dos cidadãos e despertando-os para um sentimento de preservação de algo que é essencial para a nossa sobrevivência.



Nedival de Sá Pianizzola
Arquiteto urbanista